segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Eleições 2010 - Presidência da República

E agora, José?

A eleição acabou,
a luz apagou,
o povo escolheu,
a Dilma ganhou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José?

Está lá a mulher,
fazendo discurso,
para quem não gostou,
o jeito é beber,
ou quem sabe fumar,
Dilma? como pode?
é, a Dilma ganhou,
a virada não veio,
o riso só veio,
com o Plínio no meio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
sua nada doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas só acha que morre,
você é hipocondríaco, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José Serra, pra onde?

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